O guitarrista Douglas Chagas conta na entrevista abaixo que esperou por sete anos a volta do gaitista Cezar Távora para sua banda, o Buster Blues.
Meu primeiro contato foi pelo rádio, quando era mais novo ele era meu companheiro. Sempre escutava os programas de música. O blues foi uma paixão que conquistei pelas ondas do rádio.
A guitarra é a sina de sua vida e já faz parte de suas características. Você toca há quanto tempo e porque escolheu a guitarra?
Comecei no violão aos 12 anos, tocando sozinho, sem professor e muito menos vídeo-aulas. Meu pai apareceu com um e tentei ver o que poderia acontecer se eu mexesse nele. A guitarra me escolheu, eu sempre quis tocar baixo elétrico, mas ninguém deixava eu fazer isto.
A música é o que me leva para outro lugar dentro de mim mesmo. Não sei explicar bem, existe uma mágica e só quem toca sente isto.
Tento definir as prioridades na minha vida. Deus está em primeiro lugar sempre, depois as outras coisas vão se conciliando pela primazia da vida e do tempo.
O dia em que entendi que poderia me expressar solando a guitarra foi o marco de tudo. Neste momento cheguei em casa e comecei a tocar com infinitas possibilidades, mesmo sem saber para onde aquilo iria me levar. Esse dia foi muito especial e eu nem tinha guitarra. Aliás, eu nem sabia naquele momento que iria tocar guitarra. Era um garoto que queria alguma coisa e não sabia o que era. As coisas comigo nunca foram planejadas. Quando dei por mim já estava tocando.
Aprendi muitas coisa na Big Bat. Uma noite, acho que foi em 1992, estava ouvindo o programa de blues On the road: pelos caminhos empoeirados do blues, na Universitária FM, que o Cláudio França fazia. Lembro que eles estavam falando sobre o suposto pacto que o Robert Johnson havia feito com o demônio. Liguei para a rádio para conversar sobre isso e o Eugênio Goulart atendeu. Marcamos um encontro na casa dele. Daí sempre ia encontrar com eles para tocar blues. Eles sempre me chamaram para montar uma banda e eu sempre dizia não. Depois de três anos resolvi aceitar o convite para fazer uma noite no teatro da Ufes com a Big Bat Blues Band e Cláudia Collares. Depois desse dia não saí mais da banda e fiquei até 2002.
Foi de 1996 a 2002. Acho que todos os momentos foram muito bons, desde os ensaios, aos shows. Acho que o melhor de tudo foi conhecer varias pessoas diferentes, tocar e fazer amigos.
Já estava com essa idéia desde o final de 1999, mas sempre deixava passar. O CD que fizemos alguns anos depois foi muito demorado e cansativo de arranjar. Por vários motivos ele saiu do nosso controle. Ele deu muito trabalho pra a gente e foi o ápice para minha saída. Fiquei um pouco esgotado depois de terminar as gravações. Acho que a convivência desgasta as pessoas, veja as duplas de vôlei, por exemplo: eles também têm esse problema de desgaste, principalmente, por causa das cobranças. Não queria perder a amizade da banda, então preferi sair.
Foram ótimas idéias porque pude pegar experiência de gravação. O meu disco solo, Douglas Chagas 36 graus, deu-me, também, suporte para me aventurar no estúdio. Quando lembro de todas essas gravações vejo que me diverti muito.
O Fábio me deu a oportunidade de criar vários arranjos, aprender sobre outros tipos de blues, fazer gravações em estúdio e compor outras músicas. O Fábio Mattos Blues Band tem uma peculiaridade, a cozinha é metal. Com Fernando Presuntinho e JB preciso prestar bastante atenção pra gente soar blues-power. Estou com Fábio desde 1998.
O Sunrise foi a banda mais divertida em que eu já toquei na minha vida. Eu ria muito lá. Fizemos vários shows. Aprendi muito com eles também. Sou fã do Sunrise Blues Band e tenho orgulho de saber que o nome da banda veio de um show em que eu estava tocando.
Tinha uma tristeza grande de não poder tocar no meu município do coração, que é a Serra. Queria fazer um som diferente e o português veio como um diferencial mesmo. Conheci o Albert Hausser, que é de Jacaraípe, onde eu morei por cinco anos, antes de casar. Tínhamos a mesma idéia, então, em julho de 2002, montamos o DC3 Blues. Depois de tocar dois anos sem chegar a lugar algum resolvemos mudar a temática da banda e cantar em inglês, dai surgiu o Buster Blues.
No Buster Blues sempre teve entrada e saída de baixistas, o Eliezer Jr é o terceiro que toca com a gente. Ele ficou um ano parado depois que saiu da Big Bat. Chamamos e ele topou. Eliezer é meu amigo pessoal, a gente sempre se deu bem. Para mim ele é o showman do baixo. O Cezão é meu irmão mais velho, esperei por ele sete anos até ele tocar com o Buster. Para mim é o maior e melhor músico do mundo. Hoje nós somos Buster Blues & Cezar Távora.
Acho que tento ser eu mesmo. E para mim, é difícil fazer isso na guitarra!
Essa é fácil, todas. Desde a Igreja até minhas referências áudio-visuais.
Trabalhei numa empresa contratada da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) como ajudante de mecânico. Fiquei quase um ano parado. Fiquei triste, desanimado e desarticulado. Foi muito difícil pra mim. Um dia o Cezão me ligou e disse que ia me resgatar. Hoje, se eu estou de volta à música, com vários projetos em andamento, devo a ele. Obrigado Cezão, mais uma sua!
*Foto de Fábio Vicentini
3 comentários:
Moço, moço, meu querido bluesman... espero meu CD com a coletânia que vem de você!!! muitos beijos!!!! amo seu blog!!!!
beijos da Dani Costa!
Valeu Vovô, obrigado por tudo e pela oportunidade.
Abração,
Douglas Chagas
Douglas é sem dúvidas o melhor guitarrista do Brasil.
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