CULTURA. Bem longe da discussão sobre a origem da palavra blues está o chamado marco zero, a padronização de uma data-chave para o blues, a sua primeira publicação, que aconteceu em 1912. Neste ano, o filho de ex-escravos W. C. Handy, que, mais tarde, se intitularia o Pai do Blues, compôs uma música para a campanha eleitoral do prefeito Edward H. “Boss” Crump, com o nome de The Memphis Blues. No ano seguinte, ele criou o clássico St. Louis Blues, que já foi gravado e tocado por bluesmen e blueswomen de todas as épocas. Só para exemplificar a grandiosidade desta composição memorável de W. C. Handy, nomes como Bessie Smith, Billie Holliday, Louis Armstrong, Chuck Berry já tiveram esse eterno blues em seus repertórios.
Depois do marco da publicação vem outra data importante. Em 1920, acontece a gravação de Crazy Blues por Mamie Smith. O primeiro registro, em áudio, de um blues. Esse fato deu início ao boom do blues urbano, fincado na imagem das divas negras das race records. Um dos pilares responsáveis para o surgimento das mulheres interpretes de blues foi o êxodo das populações negras do Sul para as grandes cidades do Norte, motivadas pela crise econômica, pelos acidentes naturais, pela praga do algodão e pelo fim da Primeira Guerra Mundial. Dessa reação sócio-geográfica, nascem diversas canções como o standard Sweet Home Chicago, composição do mito da encruzilhada, Robert Johnson.
Oh, baby, don't you want to go?
Oh, baby, don't you want to go?
Back to the land of California, to my sweet home Chicago.
Além do êxodo do negro para cidades como Chicago, a poesia do blues, muitas vezes, tem o seu tom trágico, mas, também, pode rir de sua própria desgraça. Existem blues que falam de doenças, como a pneumonia e a tuberculose (epidemias do início do século XX), outros narram a história da vida de uma personalidade. Alguns blues trazem os trens como uma espécie de veículo rodeado de segredos e magias. Mas, inexoravelmente, o amor ou o relacionamento entre um homem e uma mulher, principalmente os que não dão certo, compõem o elixir para se fazer um blues. Lógico, toda essa fórmula diluída em muito uísque, acompanhado de lamento e criatividade.
3 comentários:
sem deadline? o blues não precisa disso. ou precisa?
blog inspirador.. por acaso estava ouvindo "lightning in bottle - a salute to the blues" enquanto lia..
beijos!!
Muito bom!!!
Parabéns pelo blog meu nobre!!!
Um abraço!
Waldo Dalvi
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