domingo, 23 de dezembro de 2007

Espírito Blues II


CULTURA. A faca que desliza no violão, a mesma que descasca uma fruta ou talha o pescoço de alguém, é parte dos instrumentos musicais desse sujeito, o bluesman. Ele narra a sua história, canta e faz melodias que traduzem o seu cotidiano baseado nas interpretações como as dos sons da natureza e na emulação dos ecos à sua volta. O barulho do trem, o cantar de um galo ou o martelar das marretas e das balls and chains (as esferas e as correntes de ferro que o negro carregava atadas aos seus pés para não fugir das prisões) viram elementos da música.

Mas a criatividade de perceber música nos sons orgânicos foi um artifício que o negro usou para driblar as limitações que o branco impunha na época. Antes do formato tradicional, feito com a harmonia do violão, do canto e das respostas de outros instrumentos rudimentares nos intervalos das progressões, o blues rural teve somente os gritos guturais como manifesto musical. É que, no período da escravidão, o negro foi impedido de usar instrumentos de percussão ou de sopro. O Big Boss Man, como era chamado o dono das terras, tinha receio de que os escravos usassem os sons como forma de código para incitarem rebeliões. Dessa forma, a voz se tornou o instrumento musical do negro, e as worksongs ou canções de trabalho deram o ritmo para o escravo produzir, tranqüilizando o feitor.
...
Mais um trecho de Espírito Blues. Livro de Rodrigo Rezende.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Espírito Blues


CULTURA. Um negro pega seu violão velho, uma faca enferrujada e desliza-a sobre as cordas produzindo um som metálico e tenso. Ele está sentado em uma cadeira de palha, dentro de uma varanda cinza, em uma casa de madeira, às margens lamacentas de um rio. Sua família tem uma pequena terra em Yazzo, o tão aclamado delta, berço do blues. Quando toca, seus olhos brilham. É o reflexo da esperança por dias melhores e a revolta contra a segregação racial imposta pelo branco. Esse mesmo negro tem um irmão preso que trabalha como escravo e toca o blues para trilhar o seu lamento.

Trecho do livro "Espírito Blues" de Rodrigo Rezende.

Paulo Prot vence concurso de Gaita

CULTURA. O gaitista Paulo Prot ganhou, no sábado, dia 02 de novembro, o 1º Concurso Internacional de Harmônicas de Blumenau, concorrendo com vários harmonicistas do Brasil.

O músico foi o vencedor na categoria MPB, interpretando o samba "Batida Diferente", de Maurício Einhorn. A canção já foi gravada por Lecy Brandão.

Paulo também concorreu com outro capixaba, o gaitista Gleidson Souza, que disputou na categoria Blues.

Para o músico, participar do concurso foi apenas uma forma de ampliar a experiência musical e divulgar o seu trabalho. "Ganhar foi uma surpresa. Realmente, não esperava o resultado. Fiquei muito feliz", disse Prot.

O concurso, que ainda julgou as categorias Jazz, Clássico e Grupos de Gaita, aconteceu paralelamente ao 1º Festival Bluesmenau. O evento reuniu grandes representantes da harmônica mundial, que se apresentaram no Centro de Convenções Expofair e fizeram workshop na Universidade Regional de Blumenau, nos dias 02 e 03 de novembro.

Gaitistas como os americanos Peter Madcat e Randy Singer, o chileno Gonzalo Araya, o argentino Nicolás Smoljan e os brasileiros Benevides Chiréia, Otávio Castro e Jefferson Gonçalves estiveram presentes nesse evento que agitou o cenário da harmônica do Brasil.

Cultura digital e jornalismo cidadão

TECNOLOGIA. O mundo está se dividindo em nativos digitais e imigrantes digitais, ou seja, existe uma diferença entre os indivíduos que já nasceram com o acesso ao computador, os nativos, e outros que acompanharam e se adaptaram a esse mecanismo, os imigrantes.

Para os nativos, o mundo virtual e o real se completam e interagem de forma simples e equilibrada, diferente dos imigrantes digitais que, por muitas vezes, vêem as inovações tecnológicas com bons olhos, mas sentem dificuldades em assimilá-las.

Os nativos formam um público que precisa ser entendido pelo mercado da comunicação tradicional para que estes virem clientes, mas, para isso, o mercado deve acompanhar e suprir as necessidades desse público.

Como os meios de comunicação tradicional ainda não contemplaram por total o novo público, nasce dessa ausência de informação personalizada, o chamado jornalismo cidadão, ou egocasting, onde, o próprio indivíduo produz a notícia sobre seus pares ou preferencias, vide os Blogs.

Já existe no mercado a preocupação de dar espaço a esse tipo de informação e, em baixa escala, a presença e a confiança da mídia tradicional sobre os conteúdos produzidos pela comunidade.

Segundo estudiosos, as empresas de mídia não poderão mais estabelecer um monólogo linear e unidirecional com seus leitores. Elas devem interagir com centenas de fontes em tempo real e, então, criar uma imagem do que está ocorrendo.

O mercado já está se adaptando a essa revolução, além do estudo das preferências, novos produtos devem ser desenvolvidos, os futuros profissionais da comunicação já entrarão no mercado conscientes da nova realidade, as atividades das redações serão multimídia, a interatividade será intensificada, as informações serão transmitidas por aparelhos móveis, como celulares, I-pods, Palms, e-papers, entre outras modernidades.

O futuro da comunicação é veloz, já está em trânsito, as tecnologias estão cada vez mais acessíveis, os jovens nascem com essa cultura, os mais velhos sentem a necessidade de se adaptar. O mercado de mídia estuda novos meios e a evolução é inevitável. Agora, basta esperar e se preparam para o mundo virtual.